A contaminação por aflatoxina, que por muito tempo assombrou o produto brasileiro, é coisa do passado. Hoje, a secagem do amendoim é parte do manejo e quem não dispõe de secador próprio seca o produto na cooperativa ou na indústria. ''Produtor nenhum armazena a safra úmida, porque amendoim de qualidade inferior ou contaminado vira óleo, que tem valor menor'', diz o agrônomo Jair Marcon.
O produtor Valter Agostinho diz que a atividade passou por uma revolução nos últimos cinco anos, com a tecnificação da produção. ''A colheita é 100% mecanizada e a secagem, obrigatória'', afirma. Agostinho tem dois secadores próprios, com capacidade para secar de 650 a 700 sacas de amendoim cada um.
A mecanização da colheita também mudou o sistema produtivo. O processo começou em 1994 e, em 1998, com o desenvolvimento de máquinas arrancadoras e colhedoras, teve seu auge, diz o superintendente da Coplana, José Arimatéa Calsaverini.
O produtor Raymundo Nuno Júnior, de Jaboticabal (SP), atesta as vantagens da mecanização. Antes, diz, o arranquio era mecânico e o chacoalhamento, manual. Hoje, porém, o produtor já dispõe de uma chacoalhadeira para limpar a terra. ''Reduziu o custo com mão-de-obra.'' Sem o secador, o produtor também dependia do clima para diminuir a umidade do grão. ''O amendoim sai do campo com 19% de umidade. Com o secador, a umidade baixa para 8% e o amendoim fica pronto para armazenar.''
Nuno Júnior plantou 250 hectares de amendoim rasteiro e encerrou a colheita, com produtividade ótima, de 200 sacas/hectare. ''Choveu regularmente, a cada 15, 20 dias, o que favoreceu o florescimento da lavoura'', explica. ''No ano passado houve um período seco na época de formação das vagens e a produtividade ficou em 170 sacas/hectare.'' O preço pago pela saca foi de R$ 22.
EXPORTAÇÃO
O potencial de exportação do amendoim brasileiro também está crescendo. ''Recebemos visitas de compradores europeus e eles ficam satisfeitos com a qualidade'', diz Calsaverini, da Coplana.
Este ano, a cooperativa, que trabalha com 200 produtores, processou 36 mil toneladas de amendoim e exportou metade desse volume. Segundo ele, o exigente mercado europeu compra amendoim branco, sem pele, item já atendido pelos produtores brasileiros.
Seguindo o padrão de qualidade, a Europa permite a importação de amendoim com nível de aflatoxina de 4 ppb (partes por bilhão) e o produto exportado pela cooperativa tem nível abaixo do determinado. ''Embora o preço interno esteja bom, hoje, as grandes oportunidades estão no mercado externo'', diz.
Segundo o vice-presidente do setor de Amendoim da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Renato Fechino, o preço internacional da tonelada de amendoim in natura é de US$ 1.600. Fechino calcula que a produtividade tenha aumentado até 50% nesta safra. ''O preço também está bom para o produtor. Passou de R$ 21 em 2007 para R$ 25 em 2008.''
A Abicab criou, em 2001, o Programa de Auto-Regulamentação e Expansão de Consumo de Amendoim (Pró-Amendoim), que fiscaliza, periodicamente, a qualidade dos produtos derivados de amendoim. Uma das atribuições do programa é monitorar a presença de aflatoxinas no amendoim processado. Desde o início do programa, a quantidade de lotes que apresentaram não-conformidade na qualidade caiu de 30% para 5%. Hoje, 12 empresas que detêm 45% do mercado, de um universo de 300 empresas, têm o selo Pró-Amendoim.
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